Olá Pessoal,
Primeiro, vamos esclarecer alguns conceitos. Como o colega Fantini lembrou, não
provamos definições.
Vejamos um exemplo. Uma circunferência é
definida como "
o conjunto de todos os pontos do plano que são equidistantes de um ponto fixo (chamado de centro)".
Já que isso é a
definição de circunferência, não faz sentido dizermos: "
Prove que a circunferência é o conjunto de todos pontos do plano que são equidistantes de um ponto fixo (chamado de centro)".
Esclarecido essa parte, vejamos agora a questão particular de dizer que 0! tem valor igual a 1.
Como bem sabemos, nós
definimos o fatorial do número inteiro (positivo) n, como sendo o produto entre todos os inteiros de 1 até n. Nós representamos essa operação por n!. Ou seja, colocamos o símbolo de exclamação ("!") ao lado do número. Como exemplo, temos que

. Em particular, notamos também que 1! = 1.
Manipulando agora a
definição de fatorial, podemos escrever que n(n-1)! = n!. Vale destacar que no primeiro membro o fatorial está aplicado apenas no número (n-1) e não mais no número n.
Vamos analisar o que acontece com essa identidade quando n = 1. Nesse caso ficamos com 1(1 - 1)! = 1!. Nós já sabíamos que 1! = 1. Além disso, se multiplicamos 1 pelo número (1 - 1)!, então temos como resultado o próprio número (1 - 1)!. Isso significa que podemos escrever (1 - 1)! = 1. Lembrando que nós partimos apenas da
definição de fatorial, para que essa
definição seja condizente precisamos então ter que 0! = 1.
Por outro lado, infelizmente notamos que 0! não pode ser calculado diretamente da
definição de fatorial, pois o produto entre todos os inteiros de 1 até 0 é zero. Dessa maneria, a argumentação acima
serve apenas para ilustrar a necessidade de atribuirmos 1 ao valor de 0!, pois caso contrário a
definição de fatorial não seria condizente. Isso porque se 0! tivesse outro valor diferente de 1, digamos c, então da identidade n(n-1)! = n! chegaríamos que 1! = c, mas sabemos que 1! é 1 e portanto não podemos ter 1! = c.
A partir disso, precisamos então
definir que 0! = 1.
Deixando as argumentações um pouco mais intuitivas. Vamos analisar que a necessidade de termos 0! = 1 é razoável. Considere que em um grupo de 4 pessoas, cada uma deva apertar a mão das outras apenas uma vez. Teremos ao todo

apertos de mão distintos. De modo geral, se temos n pessoas teremos

apertos de mão distintos.
Agora imagine que há apenas 2 pessoas. Claramente teremos apenas 1 aperto de mão. Ou seja, precisamos ter

. Ou ainda, podemos escrever que devemos ter

. O único valor para o número 0! que torna essa equação válida é 1. Mais uma vez percebemos a necessidade de termos
definido que 0! = 1.